sábado, 5 de dezembro de 2015

Entendendo a mente divina.

Estar em fluxo com a existência, deixando-se levar pelo fluxo constante da vida, e tendo a certeza absoluta de que tudo está bem com a sua vida e com o Universo, é a garantia para que você possa experimentar uma experiência de vida baseada em abundância, amor, prosperidade em suas variadas formas, e uma sucessão de movimentos harmônicos que o conduzirão para a tão sonhada paz e bem aventurança. Sim. Isto é possível. Basta entender em profundidade como funcionam as leis que regem este e os outros milhares de universos e, com confiança absoluta, se deixar conduzir e respeitar essas tais leis divinas. É impossível alcançar a bem-aventurança estando contra as regras deste jogo.

Eu costumo denominar o que será descrito abaixo de: "A espinha dorsal do TODO".

A mente de Deus:

* Tudo está sendo criado. O Universo está em pleno movimento de expansão.
* Nada pode permanecer estático, O princípio da impermanência é uma lei Universal. Tudo o que sobe terá que descer em algum momento. Tudo que se expande se retrai. O que está em cima sempre virá para baixo e o que está em baixo sempre irá para cima.
* Somos o próprio Universo, isto é, porções individualizadas do TODO, portanto, o Universo depende de cada ser vivo para poder se expandir.
* Tudo é criado para o bem maior e de todos. Não existe o "ele" e o "você". Somos organismos vivos interconectados, portanto, tudo o que se faz ao outro será refletido e devolvido a você.
* O amor é a base da harmonia universal.
* Você cria a sua realidade externa baseado na média das suas intenções, pensamentos, sentimentos e emoções.
* O que você vê no outro nada mais é que um reflexo de você mesmo. O outro sempre será um espelho fidedigno de você.
* A resistência a qualquer coisa que seja gera conflito, e conflito gera dissipação energética. Resistir a qualquer experiência significa que você não está aceitando a si mesmo.
* Você é 100% responsável por tudo que lhe acontece, portanto não faz sentido culpar ninguém pela miséria emocional que você possa estar vivenciando neste momento.
* Mágoas e rancores geram nós energéticos que impossibilitam a passagem do fluxo da fonte da vida em você e através de você. É necessário perdoar todos aqueles que você possa considerar como "pessoas que lhe fizeram mal". O perdão "sincero" é a única forma de liberar esses nós que o impede de crescer.
 * O julgamento que se pratica a qualquer experiência, situação ou pessoa, significa que você não está aceitando Deus nas suas variadas formas de consciência, isto é, você está optando por se manter afastado dele e, por isso, terá a sua vida baseada nos medos do ego que sente-se sozinho, ameaçado e impotente.

Compreender esses atributos e passar a viver dentro de um consciência expandida, é o caminho para a sua libertação emocional.

Diogo Beltrame.




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Julgamentos

Se você não tem nada de bom para dizer ou pensar sobre alguém, não diga nada e não pense nada a respeito desta pessoa. Se alguma situação gera desconforto em você e não há nada de bom para falar ou pensar sobre a mesma, simplesmente não pense e não fale a respeito.

A consciência coletiva está condicionada a dar mais atenção para o negativo do que para o positivo. O que de bom uma pessoa faz é visto como mera obrigação, ninguém dá muita atenção, mas se essa pessoa faz algo que vai contra as crenças daqueles que o observam, o massacre é certo e garantido.

Existe um grande prazer intrínseco em desqualificar o outro, para falar mal sempre tem pessoas interessadas, e isso garante a tal convivência em grupo. Todos apontam os seus respectivos dedos para os outros e isso garante que todos estão pensando da mesma forma, gerando sensação de segurança e aceitação. Mas para fazer isso é necessário que alguém seja escolhido como a “bola da vez”, e esquecem os que fazem isto, porém, que o próximo da fila serão eles mesmos, pois a lei da causa e efeito atua sem parar e sempre vai devolver para o emitente aquilo que ele enviou.

É necessário que se faça um grande trabalho de investigação interna para se identificar esse prazer no desprazer. Acolher essa característica com honestidade, e buscar os reais motivos deste impulso que está presente em quase que a totalidade das pessoas que aqui vivem, é a única forma de nos tornarmos pessoas melhores e cessar as atividades externas que geram sofrimento em todos aqueles que possuem esse péssimo hábito de julgar.

Lembre-se que, se você não aceita o outro como ele é, você não está aceitando Deus nas suas diferentes formas e consciências, portanto você mesmo escolhe por se afastar dele. Existem diversos atributos que fogem a percepção limitada da mente humana, mas existe um porque para tudo, mesmo que isso possa parecer um absurdo.

Melhor seria acolher essas tais limitações humanas e parar de querer exercer um papel que não nos cabe, pois todos aqueles que estão aqui encarnados possuem uma visão extremamente fragmentada do TODO, apenas pequenas porções da realidade, e que não são suficientes para julgar o que quer que seja.

Diogo Beltrame

Como faço para mudar crenças limitantes?

Você não pode mudar uma crença sem antes saber que a possui. Em primeiro lugar você deve identificar a crença, e, a partir disto, verificar se ela é boa ou ruim. Lembre- se que a sua vida é o reflexo exato daquilo que você acredita, portanto é fácil fazer essa identificação.

Procure observar como está a sua vida nas seguintes áreas: dinheiro, relações interpessoais, profissional e relacionamentos afetivo-amorosos. Se tudo está bem é sinal de que você possui crenças positivas sobre elas, o que é muito raro. Mas se você está experimentando uma realidade indesejável em algumas dessas áreas, ou em todas elas, é sinal de que a crença é limitante, e a partir desta observação você poderá chegar naquilo que realmente acredita sobre essa determinada área. Muitas pessoas dizem que adoram dinheiro, mas não o tem. A questão não é gostar ou não gostar, querer ou não querer, mas sim enxergar qual é a sua relação com ele.

É necessário, portanto, que você faça o seguinte questionamento: Eu acho fácil ou difícil ganhar dinheiro? Existe algum voto de pobreza dentro de mim? Eu acho que o dinheiro é uma coisa divina ou que é uma energia suja? O que eu penso e falo sobre as pessoas que são ricas, eu tenho o hábito de dizer que todo rico faz coisas ilícitas?

Fazendo essas perguntas você chegará na crença, e se constatar que ela é ruim para você simplesmente a mude. Não faça disso um projeto e nem crie o hábito de atribuir essa mudança para amanhã ou depois, isso tem que ser feito no exato momento em que ocorre a identificação. É necessário compreender através de um insight que isso lhe faz mal e que, portanto, não faz nenhum sentido continuar acreditando no que sempre acreditou. Não existe complexidade alguma nisto. Trata-se de uma simples constatação, compreensão e mudança de paradigma. Se você está dirigindo e precisa se decidir sobre duas vias, e uma delas está com o asfalto debilitado e com grande risco de desmoronamento, além de não possuir sinalização para lhe conduzir até o seu destino, e a outra está em perfeita ordem, com sinalização perfeita e um asfalto adequado, em qual delas você vai decidir seguir viagem?

Isso é enxergar a verdade irrevogável que está por detrás de todas as coisas. Basta olhar essa verdade e se posicionar tomando a única decisão óbvia a ser tomada. É necessário chegar nesta verdade, nesta compreensão, e o resto acontecerá naturalmente através do seu discernimento e orientação interna.

Diogo Beltrame

Não existe milagre fora de você.

Até mesmo as denominadas terapias holísticas, que tentam compreender o ser como um TODO, e não como pequenos fragmentos, assim como faz a medicina tradicional, possuem determinadas limitações. Tem determinados aspectos da natureza do indivíduo que só podem ser compreendidos através de um insight divino, e para isso é necessário desenvolver a habilidade de se comunicar com as esferas superiores. Algumas sombras, pelo fato de estarem muito cristalizadas no interior do ser, não podem ser identificadas através de um trabalho psicológico ou energético. Algumas questões só podem ser compreendidas, aceitas e re-significadas pela própria pessoa, e isso só pode ocorrer a partir deste insight.

Ao se perceber neste estágio evolutivo, é necessário que você busque a intensificação do hábito de meditar. Terapia sem meditação ajuda, mas fica incompleta. Meditação sem terapia é válido, mas você poderá ter dificuldades para entender as mensagens que chegam até você. A união dessas duas ferramentas. Isto é, a terapia sendo complementada pela meditação, é o caminho completo para aqueles que buscam a libertação emocional, mental e espiritual através do autoconhecimento.

Lembre-se que, para ouvir a sua voz interior e receber algum tipo de insight, é necessário que as suas atividades mentais sejam suavizadas. Ou seja, é necessário que ocorra a diminuição dos padrões de pensamentos que estão atrelados ao passado e ao futuro. Só desta forma os conflitos internos serão interrompidos. E, se não há conflito, a energia não é dissipada, e desta forma poderá ser usada para iluminar algum aspecto sobre você mesmo que precisa ser visto.

Entre você e Deus existem milhares de véus, porém, entre ele e você não existe nenhum, quando você dá um passo em direção a ele, ele dá cem passos em sua direção.
 
Diogo Beltrame.

Esforço x Empenho

Existe uma profunda e significativa diferença entre o empenho e o esforço. O esforço implica em fazer algo que está além das suas capacidades naturais. Já o empenho, significa simplesmente fazer o seu melhor.

Tentar dar ao mundo o que você não tem, é uma tremenda ilusão que nunca trará bons frutos nem a você e nem ao mundo. Esse tipo de ação gera grande dreno energético e significa que você não está se aceitando, que está fazendo da sua rotina diária uma sucessão de auto-cobranças desenfreadas, e a sensação de ser incapaz, inútil, e não merecedor das coisas boas que a vida tem a lhe oferecer. Uma pessoa que vive nesse estágio está sempre frustrada consigo mesma e passa a carregar diversos sentimentos de culpa, gerando baixa auto-estima, depressões e todos os outros tipos de doenças mentais.

O que é exigido de todo ser humano, é que cada um faça o seu melhor, nem mais e nem menos, apenas o seu melhor. Empenho significa fazer aquilo que é humanamente possível sem se preocupar com o resultado das suas ações, pois isso não compete a você. Fazer o seu melhor é colocar o amor como intenção primordial antes de iniciar qualquer atividade, qualquer ação ou qualquer reação. E, agir com amor, significa deixar os seus próprios interesses de lado e focar no bem coletivo. Agir com amor é ter a certeza de que qualquer ação desencadeada por essa palavra, tão deturpada por essa sociedade doente, sempre terá como resultado a providência divina, independentemente dos resultados aparentes interpretados pela mente egoica.

Fomos condicionados a fazer do meio algo para se chegar a um fim. As pessoas estão trabalhando para ganhar dinheiro, namorando para casar, casando para ter filhos, tendo filhos pensando nos netos. Todos estão mergulhados na fantasia de que o futuro é mais interessante que o presente, que os eventos futuros serão melhores que os atuais. A mente nunca está interessada no agora, ela sempre está almejando alguma meta projetada num futuro, pois isso garante a ela o poder absoluto sobre você.

Está na hora de sair dessa ilusão e mergulhar na realidade, a realidade de que tudo está acontecendo agora, neste momento, neste lugar. Portanto faça o seu melhor, dê tudo de si mesmo, mas entregue e não se preocupe com o resultado das suas ações. Viva o momento presente como se fosse o último dia de sua vida, pois esse dia nunca mais vai se repetir e, por esse simples motivo, deveria ser o melhor dia de toda a sua vida.

Diogo Beltrame.

Crenças e seus impactos na vida cotidiana


O que acontece com uma pessoa que passou toda a sua infância sendo moldada a partir de uma educação extremamente repressora? Essa pessoa nunca pôde se expressar, suas vontades nunca valiam de nada e, os seus pais, diziam sempre a ela que lá, naquela casa, ela era a última a falar e a primeira a apanhar. Ressalto que existem milhões de pessoas que foram educadas dentro destes moldes. Pais que não tinham um pingo de paciência com os seus filhos e que descontavam todas as suas frustrações sobre eles. E do outro lado crianças que apanhavam sem ao menos saber o motivo.

O que vai acontecer com essa criança quando ela se tornar um adulto? Qual a crença que essa pessoa terá sobre seres humanos, haja vista que as suas matrizes faziam da sua vida uma verdadeira ameaça e o sentimento de impotência e humilhação fizeram parte da sua criação?

Uma vez tido esse tipo de educação, vivendo 24 horas do dia sob constante ameaça e ausência de amor, essa pessoa quando se tornar adulta desenvolverá todos os tipos de fobias possíveis imagináveis. Ela terá enorme dificuldade em confiar em alguém, tanto na questão de amizades quanto na de relacionamentos afetivos. Essa pessoa sempre se sentirá ameaçada, achando que a qualquer momento poderá tomar uma rasteira de alguém. E, principalmente, terá um ódio mascarado sobre a figura masculina e feminina de forma simultânea, desenvolvendo um instinto de vingança que se projetará nas pessoas mais próximas. Essa pessoa vai acreditar que seres humanos são pessoas más, traiçoeiras e injustas, e que a única forma de não ser atacada será atacando primeiro.

Ocorre que, uma vez que essa crença está arraigada dentro do ser, a vida desta pessoa será uma grande guerra, tanto externa quanto interna. Como ela estará vibrando guerra atrairá guerra para a sua vida. E, além disso, o medo de que há qualquer momento alguém poderá lhe prejudicar, vai desencadear as chamadas crises de pânico, dificuldades para dormir e um medo assombroso do desconhecido. Isto é, esta pessoa estará vivendo literalmente no inferno, e sequer se dará conta disto. É nesse ponto que os distúrbios sexuais e a busca incessante pelo prazer surgem, fazendo com que o ser entre em contato com drogas, noitadas, e todos os tipos de promiscuidade sexual. O prazer funciona como um analgésico, e por algum tempo fará com que os sintomas desses traumas desapareçam, mas isso vai durar pouco e o vazio existencial voltará com mais força.
 
Claro que o que está exposto aqui não é tudo. Existe uma série de outros desencadeamentos que poderiam ser explanados, mas o texto ficaria muito extenso. De qualquer forma, o que é necessário que se compreenda, é o impacto que as crenças possuem sobre as nossas vidas.

Mas saiba que, tudo tem conserto, bastaria identificar a crença e ver quão tola ela é, e quão irreal e prejudicial ela é para a sua própria vida. Você não precisa acreditar no que acredita. Você possui todo o poder de mudar a sua percepção sobre qualquer assunto, mas para isso é necessário que descubra em que realmente acredita, e isso envolve um profundo trabalho interno.

Auto-observação, aliada com a coragem de se ver diante do espelho, respeitando as suas limitações e a sua própria história, é o caminho para quem pretende dar um salto quântico em sua própria consciência.

Diogo Beltrame.

sábado, 10 de outubro de 2015

O poder do auto-conhecimento

O auto-conhecimento deveria ser a prioridade de qualquer ser humano. Estamos aqui para isso, essa é a maior missão de qualquer entidade que encarna neste planeta. Mas o que se faz é justamente o contrário, as pessoas procuram por todo tipo de conhecimento através de literaturas, ideologias, conceitos, religiões e filosofia, mas deixam de fazer o principal, aquilo que dá mais trabalho e que é mais importante, que é se conhecer e entrar em contato com as ramificações mais profundas do seu próprio ser. Isto é, acessar os sentimentos e emoções negados. Estou falando dos seus traumas, crenças equivocadas, mágoas, rancores, e a ausência do perdão para aquilo que ocorreu em sua vida.

O que mais se vê, por exemplo, são filhos e pais que mantém um relacionamento de fachada. Eles fingem que está tudo bem, se encontram aos domingos e falam sobre as mazelas do mundo, batem papo sobre as trivialidades do cotidiano, se despedem, e voltam as suas vidas com a sensação de terem cumprido com o seus papéis de filhos e de pais, respectivamente.
Mas existe algo de errado nisto, algo muito errado. Existe uma “indiferença” entre esses seres, um bloqueio que os mantém afastados mesmo ocupando o mesmo espaço fisicamente. Tem algo muito maior que não permite um encontro real, honesto e amoroso. Essa indiferença nada mais é que um ódio enrustido, escondido, camuflado. E isso é algo que ninguém quer ver, pois sentir ódio daqueles que deveriam ser amados é considerado algo muito grave, um pecado muito sério e que, portanto, não deve ser sentido, fazendo com que ao sentir esse sentimento tão nefasto, a pessoa finja que não é com ela, deixando isso pra lá, empurrando tais sentimentos e emoções para dentro e adotando a política do “está tudo bem”.

Porém, existem questões bastante complexas e que precisam ser entendidas. O perdão é a chave para a libertação emocional, mas só é possível perdoar algo, ou alguém, se você souber o que está perdoando. Isto é, é necessário acessar a memória e se permitir senti-la, para posteriormente poder perdoar. Do contrário nunca será perdão, será apenas hipocrisia e falsidade que o farão repetir “n” situações similares a da memória do seu passado, até que um dia você resolva acolher a criança ferida que está dentro de você.

Saiba que, dentro do seu ser, existem três portais, e são eles: Mãe, Pai e Deus. Este último foi personificado dentro de você de acordo com a visão que você possuía dos seus pais quando criança. Para uma criança mãe e pai é sinônimo de Deus e do mundo. Portanto, só é possível acessar este último portal, ou seja, o Deus que habita em você, quando você atravessar pelo portal da Mãe e do Pai, e isso envolve uma compreensão absoluta da sua vida e da sua história com eles. Compreensão, entendimento e perdão. Esse é o caminho.

Enquanto você não resolver esses dois primeiros portais, o divino que habita em você nunca poderá ser acessado.

É importante, ao ler esse texto sobre autoconhecimento, que você saia do papel de vítima e que, com maturidade e imparcialidade, receba esta informação apenas como um novo conhecimento da metafísica psicológica espiritual. Não é para achar que pai e mão são seres ruins e que eles acabaram com a sua vida. Trata-se apenas de uma compreensão do que ocorre em níveis mais profundos do nosso ser. Adiante explicarei o que deve ser feito para cortas as causas que desencadeiam nos efeitos indesejáveis.   

Para que se entenda essa questão recorrente entre pais e filhos, você precisa parar um pouco o que está fazendo e, com sinceridade, perceber o que sente em relação a sua mãe, ou o seu pai. É bem provável que, ao se lembrar deles, você não sinta absolutamente nada, que nenhum sentimento, ou emoção, venham á tona. E talvez você ache que isto é normal, mas não é. Isto ocorre porque a dor que você sentiu em algum lugar do passado é tão grande e intensa que o seu próprio ser, por uma questão de segurança, se encarregou de colocá-la nas profundezas do seu subconsciente. Isto é, você se anestesiou, está dopado em relação a eles e a sua relação com eles. Mas essas dores estão aí, elas estão vivas em forma de memórias celulares e tem um impacto direto em todas as suas ações, reações, decisões, promiscuidades sexuais, inseguranças, medos, ansiedades, bem como aquela sensação de estar no local errado e com as pessoas erradas. Essa dor é a responsável por toda a sua avareza, por toda a sua maldade e por aí vai, a lista é enorme, todos os tipos de auto-sabotagens possíveis de se imaginar se devem a isto. 

Eu vou dar um exemplo bastante comum. Tente se lembrar de como você se sentiu ao ter que engolir aquele choro doído. Você queria passear com o seu pai e ele não deixou, ele mandou você ficar quieto e deixá-lo em paz, pois precisava ir trabalhar e não tinha tempo para lidar com uma criança cheia de vontades e mimos. Lembre-se de como você era dependente de amor, de toque, de cuidados e de proteção, mas vivia presenciando os seus pais se estapeando por conta dos tais assuntos de adultos. Ou seja, você presenciava as suas matrizes geradoras de amor brigando entre si e mandando você ir para o quarto e ficar quieto. Como você se sentiu quando seus pais o chamaram de burro após terem visto aquela nota vermelha em matemática, sendo que você esperava ter uma palavra de apoio? 

Hoje você entende tudo isto, você sabe que não foi por mal e talvez esteja reproduzindo esse mesmo padrão em seus próprios filhos. Mas e aquela criança, ela entende? Não, ela não entende e não tem que entender. Crianças não possuem discernimento algum para distinguir essas coisas. Para elas, a questão resume-se em uma única coisa: ausência de amor, de cuidado e de proteção. É desta criança a qual me refiro e que ainda está dentro de você. Uma criança assustada, desprotegida e sentindo-se completamente desamparada. E é essa mesma criança que você se recusa a olhar e dar a atenção que ela merece.
     
Tudo isso são repressões, são condicionamentos, e são interpretadas pela criança como rejeição. Mas é assim mesmo que precisa ser, vou explicar essa questão mais adiante. Existe algo muito maior, e até mesmo muito belo e divino por trás disto tudo.

Mas o fato é que, ao se sentir não amado, que em última análise é o que representou para você todos esses casos acima, você sentiu raiva desses pais, sentiu indignação e não pôde fazer nada. Você sentiu ódio deles e, ao mesmo tempo, culpa por estar sentindo esse ódio. A culpa estava presente, mas o ódio também, e onde existe ódio também existe o desejo de se vingar. É justamente esse desejo de se vingar deles que gera todo o seu sofrimento atual, e enquanto não ocorre o perdão, o desejo de vingança permanece ativo. Trata-se de um emaranhado de fios desencapados dentro do seu ser que deram inicio a toda miséria pessoal que você possa estar vivenciando em sua vida. São os efeitos desencadeados pela causa. E enquanto não se resolve a causa, os efeitos permanecem.

Aquela moça que foi rejeitada pelo seu pai, por exemplo, nunca vai confiar em um homem, nunca vai conseguir se entregar. Essa pessoa sempre irá associar a energia masculina com a da rejeição. Mesmo que essa pessoa tenha relacionamentos, o que é muito provável que aconteça, sempre usará de arte-manhas de auto defesa, seja através de ataques ou através do papel de vitima, mas sempre estará com o escudo levantado. Além disto, e bem mais grave que isso, essa pessoa vai projetar a figura do pai em todos os homens que passarem pela sua vida. Isto ocorre porque a criança ferida do passado vai continuar tentando resolver aquela questão passada mal resolvida, ela continuará projetando a figura do pai no outro para tentar não ser rejeitada novamente. Mas isso não é possível, pois o passado não pode ser mudado, ele só pode ser compreendido, e o homem da relação não é o seu pai, ele é apenas um homem que está com você e que não tem a dura missão de resolver os seus vazios e traumas do passado. Esse homem não é o seu inimigo, mas será visto por você como tal e será combatido como tal. No inicio você estará apaixonada, mas o espelho aparecerá em breve, e então o inferno se repetirá. 

Para elucidar a questão dos desencadeamentos de tudo isso, veja outro exemplo:

Uma pessoa que foi inferiorizada pelos pais a infância toda. Hoje, essa menina é uma pessoa adulta e não consegue constituir uma família. Mas os pais desta moça desejam imensamente que ela seja uma boa esposa, com filhos, cachorros, e casa na praia. Esse é o grande sonho desses pais para a sua filha, eles querem que ela seja feliz, mas ela não se acerta e é conhecida como a solteirona do bairro, apesar de ser uma pessoa interessante, correta e que também compartilha do desejo de se casar. Essa pessoa, essa menina que foi inferiorizada e que hoje é uma mulher, não sabe que aquele desejo de vingança que foi gerado no passado, quando ela estava sendo inferiorizada pelos seus pais, vem impedindo que ela seja feliz. Ela sabe, de forma inconsciente, que estar casada, com filhos, e os respectivos cachorros que completariam a família padrão comercial de margarina fariam os seus pais felizes, e ela não quer ver os seus pais felizes, ela precisa se vingar. E então, de forma também inconsciente, opta por ser infeliz para poder sacramentar a sua vingança. Ela sacrifica a sua própria vida para se vingar dos pais, e sequer se dá conta disto. E essa mesma pessoa reclama da falta de um parceiro e reza para que Deus arrume um marido para ela. 

É nessa confusão que o ser humano está inserido neste atual momento. Todos em busca do amor, mas todos renegando o amor. Todos buscando a felicidade e, ao mesmo tempo, fugindo dela. Todos na busca incessante da iluminação espiritual, mas fugindo da luz se escondendo atrás da escuridão e da ignorância sobre si mesmos. E tudo isso se resume a uma única palavra: a mentira. E tudo isso poderia ser resolvido como uma única palavra: a verdade. Por isso que o mestre disse: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.  Por isso que Platão disse: Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo. Todo o problema está em fingir que não se sente o que sente, achando que isso é o mais correto a se fazer por ser politicamente correto. Mas, agindo desta forma, a ferida nunca será curada, e essa ferida continuará gerando dor em quem insistir em não tratá-la.

Essa questão entre pais e filhos é muito importante, tudo está relacionado a isto. O seu subconsciente é muito mais astuto, e tem muito mais poder sobre você, do que você possa imaginar.

Todo ser vivo está em busca de amar e ser amado. Amor é a essência de tudo, é a única coisa real. Todo o resto, tudo que não é desencadeado pelo amor, não passa de mera ilusão. Sendo o amor a única realidade que existe, e por ser a essência de qualquer ser vivo, podemos concluir que todos, nem nenhuma exceção, é puro amor, que já é perfeito e também se constitui de pura luz. Isso tudo nós já somos em última instância e em planos mais elevados da existência.  

Estamos encarnados, e vivendo esta experiência no mundo das formas, justamente para experimentar a ilusão da imperfeição e da dualidade. Este é o jogo divino a qual você se candidatou e quis participar. Você se ofereceu e quis sair por aí, viajando entre as estrelas para viver a ilusão da separação do TODO, pois sabe que a sua volta para casa está garantida.

Neste mundo das formas a qual você está inserido, para que seja possível viver esta mágica experiência da existência, o ego cumpre um papel fundamental. É ele que faz a interface entre o corpo e o espírito. É ele que acredita estar separado, que sente medo e que busca por proteção. Sem ele, sem esse ego, seria impossível ter essa experiência. O ego foi feito para acreditar que é sozinho, que é separado do TODO. E, para que esse ego pudesse nascer e tomar forma, os seus pais foram peças fundamentais neste jogo.

Todos nós, em algum nível, já fomos rejeitados, condicionados e reprimidos em algum momento da vida por esses pais. Não que eles agiram por maldade ou de propósito. O fato é que, é impossível suprir a demanda de amor que um bebê, uma criança ou um pré-adolescente necessitam. O espírito é livre e o corpo é uma prisão, por isso é muito traumatizante encarnar nesse vaso terreno. Ao se perceber preso num corpo denso, esse espírito que ainda tem sede de liberdade e que está dentro do corpo de um bebê, fará de tudo para dominar o mundo, e o mundo para esta criança é a sua mãe e está representado pelo leite. Por isso ele chora e espera que o leite chegue naquele exato momento em que pediu. E quando isso não acontece, ele sente-se impotente, sente raiva, sensação de impotência e falta de amor. Essas são as primeiras marcas de ódio que ele vai registrar, e irá responsabilizar a sua mãe por isso. Neste momento, ele terá tido o primeiro contato com a dualidade. Isto é, amar e odiar ao mesmo tempo.

Com o passar do tempo, esta criança, já um pouco mais crescida, vai começar a perceber que ser espontânea e natural não é bom para ela. Toda vez que ela é espontânea leva bronca, é reprimida e se sente rejeitada, não amada. Esta criança sente-se ameaçada, pois ela entende que ser natural representa o risco de não ser mais amada pelos seus pais. Talvez você não se lembre, mas para uma criança, a coisa mais importante que existe é isso, ser amada por pai e por mãe. E justamente por conta deste medo de não ser amada, ela passa a deixar de fazer o que quer para fazer o que os pais querem, pois isso lhe traz segurança e a garantia de continuar sendo amada. Ou seja, essa criança veste uma máscara, e isso é o que eu chamo do nascimento do ego. E depois disto, ela vestirá outras tantas milhares de máscaras para ser aceita na igreja, na sociedade, no colégio, no grupo de amigos, pelo namorado, pelos amigos do namorado, na empresa e etc. Esse é o fortalecimento do ego, a identificação com a máscara. A pessoa começa a acreditar que é o que finge ser, e se esquece do que realmente é.

Ocorre que, ao vestir a máscara pela primeira vez, cedendo ao medo de ser natural por estar indo contra as vontades dos pais, ocorreu a supressão de uma energia de puro amor e de confiança que havia sido captada do Universo pelo chacra raiz. E como energia não morre, essa mesma energia se fragmentou no momento da repressão para não desintegrar o seu ser. O caminho natural seria receber a energia e expressá-la, e na impossibilidade disto ocorrer, ela se fragmenta na polaridade invertida. Neste momento você se tornou um ser fragmentando, dividido em pedaços. Neste momento você possui quatro energias predominantes dentro do seu ser. O que era uma energia de amor e de confiança, que são as essências do universo, passou a ser de amor/ódio, e de confiança/medo. Todas essas energias estavam em potencial dentro de você, e qual delas se desenvolveu dependeu da sua opção naquele momento, enquanto era criança. E a sua decisão foi a de alimentar a do medo, pois você cedeu à pressão dos seus pais e vestiu a máscara fazendo aquilo que eles esperavam de você. E, posteriormente, passou a alimentar cada vez mais essa energia vestindo outras tantas máscaras para atender as demandas que o mundo depositou sobre as suas costas. Isto quer dizer que, o lobo alimentando foi o do ódio e do medo, e são eles que estão no comando da sua vida. Tudo o que você faz é impulsionado por essas duas energias, e como elas são predominantes, todos os frutos que saem destas árvores são de mais medos e mais ódio.

Mas está tudo bem com isso, pois o não manifesto só pode existir onde existe o manifesto. O amor só pode ser percebido, uma vez que você passa a ter contato com o ódio, e a confiança só pode ser identificada após você ter experimentado o medo. Só é possível desejar acessar uma coisa, quando você experimenta o oposto dela. A sua busca por Deus, que ocorre neste momento, só foi possível acontecer pelo fato de você experimentar as trevas. Esses são os portais que o conduzem de volta para casa.

O que eu quero dizer é que, por mais que os seus pais tenham se esforçado para fazer o melhor por você, o papel deles neste jogo era justamente o de encaminhá-lo para o oposto daquilo que verdadeiramente é real. Eles foram usados para darem a luz ao seu ego, e isso é muito belo. Mas você os responsabiliza por tudo isso. Você os responsabiliza pela sua infelicidade. Em níveis mais profundos, você possui o entendimento da responsabilidade deles na formação da sua personalidade. E então você os culpa, e por isso quer se vingar, e por isso cria uma série de experiências negativas para a sua vida.

A chave da libertação está no perdão e na compreensão de tudo o que aconteceu.

Como eu disse no primeiro texto, só podemos perdoar aquilo que temos conhecimento de ter acontecido. Portanto, é necessário que você acesse todas as memórias traumatizantes e que representaram esta falta de amor e, com serenidade e maturidade, se permita senti-las novamente sem julgá-las, sem classificá-las e sem se deixar levar pela culpa de sentir o que sente. Essas memórias são as crianças feridas que se encontram dentro do seu ser. Lembre-se que, elas são crianças, portanto, precisam apenas de acolhimento e de amor.

Quem vai xingar os seus pais são elas, e não você. Quem sente vontade de matar o pai ou a mãe são elas, e não você. Quem sente ódio dos seus pais são elas, e não você. Portanto, sinta tudo e não se identifique com nada.

Para fazer isto, você deve fechar os seus olhos e se conectar com a sua mãe. Será necessário você checar os seus sentimentos em relação a ela.

Você deve se perguntar: Eu consigo ser grata honestamente por essa mulher, ou é apenas a máscara da boa menina que tenta sentir gratidão? Meu coração está aberto para ela? Tenho vergonha dessa mulher? Gostaria que ela fosse diferente? Guardo mágoas em relação e ela? Tenho raiva dela? Como ela me tratou quando criança? Ela esteve sempre presente? Ela me acolheu, me protegeu, deu carinho e amor?

Caso você não sinta nada, pode ser um sinal de amortecimento, uma proteção para não entrar em contato com os verdadeiros sentimentos. Permita-se, portanto, ir mais fundo, além da “normose.”

Feito isto, evoque a sua mãe como se estivesse chamando por ela, da mesma forma que a chamava quando era criança. Se você não lembra como a chamava, simplesmente chame “mãe”. Repita o mantra o quanto puder. Por quanto tempo agüentar.

Ao emergirem os conteúdos internos, escreva uma carta simbólica para a sua mãe. Nela, você poderá expressar tudo o que nunca teve coragem de falar, colocando para fora tudo aquilo que está realmente engasgado. A carta não deverá ser enviada. Você deverá queimá-la mais tarde.

Após isto, repita o processo com o seu Pai.

Esse exercício é muito praticado na Índia. Ele deve ser feito até que você se sinta vazio e ventilado. Trata-se de um trabalho longo, é necessário ter muita disposição para realizá-lo. É necessário limpar todas as memórias, e isso tudo dói bastante.

Mas, ao fazer isto, você estará se curando, estará curando os seus ancestrais e, quando terminado, a sua vida se transformará.
Essa é a melhor forma de perdoar. Se permitir sentir aquilo que está dentro de você e, posteriormente, deixá-lo ir embora.

Liberando a escuridão que existe em você, o que sobrará é a pura luz. Neste momento, quando purificado, você terá chegado até a sua essência. E, portanto, terá chegado até o divino que lhe habita. Você terá retornado para casa. Você terá alcançado a iluminação espiritual.

Diogo Beltrame